segunda-feira, maio 11, 2009

segunda-feira, abril 27, 2009

A new begining



Podia guardar isto, este post, só pra mim, como já fiz com outros. Mas este, acima de todos, quero que seja visto, ouvido, propagado, respirado. Sentido.

Este é o meu respirar fundo. É o levantar do chão. É o nunca mais acordar.

Quantas vezes ja sonhei? Muitas. Alguma vez assim?
Quantas vezes ja confiei? Muitas. Alguma vez assim?
Quantas vezes ja prendi a respiração, ja tremi? Muitas. Alguma vez assim?

P é por isso que me perco no sonho. Porque jamais um sonho foi assim. Porque o sonho é realidade. The years of darkness are gone. For now on.. there will be only light. And the dawn will not wither this affection, nor the dust cover it's shape. Nor ash or grave end it's miracle. For my soul was reborn today.

"Helena: Vossa virtude é a minha segurança. Quando o rosto vos vejo, deixa a noite de ser noite. Por isso, não presumo que seja noite agora. Nem me faltam mundos de companhia nestes bosques, por serdes para mim o mundo todo. Como, pois, se dirá que estou sozinha, se o mundo todo agora me contempla?"

["Sonho de uma noite de Verão" Acto II, cena I - Shakespeare]

You made my heart a better place.

Before.

All I need - Within Temptation

I’m dying to catch my breath
Oh why don’t I ever learn?
I’ve lost all my trust,
though I’ve surely tried to turn it around

Can you still see the heart of me?
All my agony fades away
when you hold me in your embrace

Don’t tear me down for all I need
Make my heart a better place
Give me something I can believe
Don’t tear me down
You’ve opened the door now, don’t let it close

I’m here on the edge again
I wish I could let it go
I know that I’m only one step away
from turning it around

Can you still see the heart of me?
All my agony fades away
when you hold me in your embrace

Don’t tear me down for all I need
Make my heart a better place
Give me something I can believe

Don’t tear it down, what’s left of me
Make my heart a better place

I tried many times but nothing was real
Make it fade away, don’t break me down
I want to believe that this is for real
Save me from my fear
Don’t tear me down

Don’t tear me down for all I need
Make my heart a better place
Don’t tear me down for all I need
Make my heart a better place

Give me something I can believe
Don’t tear it down, what’s left of me
Make my heart a better place
Make my heart a better place

terça-feira, março 17, 2009

"coma white"

hoje rebentaram-se-me os pontos. uma pequena lágrima escorregou pela superfície da ferida, pois o dique está atolado de limos e musgos e bichos mortos, e as sombras riem-se, como se houvesse alguma coisa extremamente divertida pra ver. como se fosse um espectáculo internacional, fabuloso.

hoje rebentou-se-me um dos pontos que segura tudo, que segura o mundo, e, no processo, a minha sanidade. estou feita.
agonizo pelas janelas, pelas paredes, pela superfície do lago, no meio do pólen peludo dos acónitos, a nova droga da primavera que chega.

ja estou cansada de disfarçar sorrisos, estou farta de responder a todas e quaiquer questões, ja estou farta, farta, farta da humanidade, quero-me fechar no meu eremitério, no meu ninho. deixem-me, por favor, evaporar-me.

hoje rebentou-se-me um ponto, e o meu dique desmoronou-se. fiquei em pé, a olhar a onda de fluidos envelhecidos e bolorentos, por não terem lugar algum para onde sair. esperei que ela chegasse perto de mim, observando-me de volta, com olhos líquidos cor de sangue, e abracei-a. senti falta dela. falta do ódio dela, do amor dela, deixei que ela me penetrasse as artérias, que voltasse a incorporar o meu coração, para me sentir de novo vagamente completa, depois de tanto tempo afogada no meu próprio ar. mas isto não é uma libertação. o que me ocupa agora o vazio é algo mais perigoso que o nada, é o tudo. é tudo aquilo que eu não quero ver, não quero sentir, não quero imaginar, que me atormenta de noite, em sonhos, que me persegue de dia, sob a forma de um espectro no meu olhar.

e eu rumino esta podridão, como se fosse mel.

será que não há um fim para isto? para as feridas? para as dores? sinto os pontos destroçados ganirem em protesto. como se houvesse alguma outra maneira de sobreviver. como se houvesse alguma outra maneira de continuar a respirar, sem ser ignorando os meus pulmões que ja não respiram, estraçalhados. como se houvesse alguma maneira de pedir ao meu coração para continuar a bater. quando nem com agrafos colo os bocados. quando os bocados foram unidos com sal, para um nunca mais sarar.

hoje os pontos rebentaram-se. e eu esvaí-me sobre a terra quente, sem sombra.

esvaí-me, evaporei-me. para nunca mais acordar.




["No Silêncio dos Jardins"
Se um dia regressares, a terra estremecerá na memória da tua ausência. E a água formará um vasto oceano do outro lado do teu olhar.
Regressarás, talvez, quando o ar se tornar rubro em redor do meu sono - e o lume das horas, a pouco e pouco, saciar a boca que chama pelo teu nome.
Encontrar-nos-emos nas imagens deste jardim de afectos e ódios. Porque os jardins são labirínticas arquitecturas mentais, onde podemos resguardar os corpos de qualquer voragem do tempo.
Por isso, enquanto não regressas, construo jardins de areia e cinza, jardins de água e fogo, jardins de répteis e cassiopeias - mas todos abandono à invasão do tempo e da melancolia.
Mas se algum dia regressares, passeia-te pelo meu corpo. Descobrirás o segredo deste jardim interior - cuja obscuridade e penumbras guardaram intacto o nocturno coração.


Al Berto]

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Estou no meu quarto. a chuva cai miudinha e irritante e aliviante do lado de fora da janela. quase ninguém se atreve a enfrentá-la, mesmo sendo ela miudinha, porque ela é persistente.
Gosto de ver tomar assim. é mais fácil de suportar. dá uma sensação de vazio, como se os animais tivessem voltado para as suas tocas, para o seco, e tivessem deixado a chuva (agora mais forte) lavar tudo, levar tudo numa torrente para longe da minha janela. como dizem os antigos, longe da vista, longe do coração.
como eu gostava de poder seguir nessa corrente, de me soltar e vaguear pelas valetas de tomar, e das valetas até ao rio e do rio até ao mar e do mar até ao nada ou ao tudo ou ao seja o que for.
Sinto-me a desaparecer, folículo por folículo, cabelo por cabelo. a invisibilidade é tão latente que quem espreitar pela porta só vai ver o pacote de bolachas em cima da cama, no meio das folhas da minha sebenta de cerâmica e as manchas de sal no teclado.
Eu sei que não faz muito sentido continuar num poço assim. mas ainda não descobri o sentido, perdi a centelha do que é importante. a luzinha que me mostrava o caminho foi-se. com ela a vontade. e sem sentido e sem vontade não vale a pena fazer seja o que for.


Vou nadando contra a corrente em espiral. na esperança de conseguir encontrar uma raiz mais segura que as que encontrei até agora. talvez consiga encontrar um banco de areia onde a corrente não seja tão forte, onde a água não seja tão profunda, onde as ondas não me tentem afogar, em vagas de asfixia, uma de cada vez. ao olhar em volta apercebo-me de contornos vagamente familiares.
Talvez conheça este poço. talvez já cá tenha estado antes...

sexta-feira, janeiro 16, 2009

das luzes - II

Estou a respirar.
Faço um esforço para respirar, para obrigar os meus pulmões a exalarem, a inalarem, a trabalharem de forma útil para que me mantenham viva.
Faço um esforço para me lembrar das razões válidas para que faça sentido continuar a respirar, a instigar-me a continuar.
Faço um esforço para ficar imóvel, ainda a respirar. Imóvel para que o tanque não me veja, ou me esmague menos, ou que seja só uma carícia inofensiva no meu cabelo e não aquilo que eu estou à espera.
E de repente o meu instinto de sobrevivência toma conta de mim. Volto-me. E só estou eu entre o tanque e a parede de betão e o ar parece que se escapa dos meus pulmões e sinto o trepidar do chão e as minhas unhas arranham a textura arrepiante do pó da parede. O ainda - e mais - arrepiante som das lagartas mesmo atrás de mim.

Tudo negro. A vastidão. Será inconsciência, coma ou a inexistência? Sinceramente não quero saber. Sinto calor, mas estou marmórea por dentro. Os pulmões funcionam.
Mas sem os meus mapas, sem as minhas luzes, sem a minha luz.. sem a minha luz...
Será que era isto que andava à procura? No dia em que descubro a luz ela apaga-se?

Acordo muitas vezes de um sonho assim. Acordo muitas vezes da minha morte. A morte que me leva, ensanguentada, sem mapas, sem grilhões, mas que deixa sempre o grito silencioso do desespero. Acordo com os olhos vermelhos do ardor do frio do espaço, com os ossos exaustos de uma caminhada sem fim. Ainda no sonho? Ou já na realidade?

A cada dia que passa a transparência toma conta da minha derme. Os ossos sobressaem do frio que me come por dentro, mais sonho, mais arrepio, mais carne para as lagartas, mais mármore. Já não não sinto a minha luz... Será que sonhei?

sexta-feira, dezembro 05, 2008

das luzes.







Tomar tem muitas luzes. O Instituto tem muitas luzes.
As minhas orelhas fervem enquanto olho as luzes, enquanto vejo o reflexo das luzes do lago, enquanto vejo as ondas criadas na superfície do reflexo das luzes do lago.
Não são luzes quaisqueres. São luzes de candeeiros, não candeias, porque as candeias ir-se-iam apagar com a chuva que cai. Acho os holofotes gritantes, com a sua luz que é forte mas não ilumina, incomoda a vista. Impede a Noite de entrar na minha janela, onde gostava que houvesse uma daquelas namoradeiras antigas para poder passar a minha vida lá sentada, a ver as pessoas a passar.
Gosto de estar à janela.
Gosto de ver as pessoas a passar, durante o dia ou mesmo à noite, porque a noite só por si não é desculpa para estar à janela, mas e daí é...
A noite é um refúgio, porque sei que dali a umas horas já não vai ser hoje mas sim amanhã, e amanhã por esta hora já vão faltar poucas horas para o dia a seguir.
O meu quarto é muito pequeno para isto, e assim eu revejo-me nas pessoas que passam lá fora, que vão e vêm, imaginando que a minha vida é a deles, mais agridoce ou menos, mais complicada ou muito mais facilitada.
Uso a janela para extrapolar os limites das possibilidades do meu ser, para me extrapolar como indivíduo,para me extrapolar como solidão.
Porque eu sei que se estivesse na pele deles seria tão sozinha como sou hoje, e não há pontes que culmatem o facto de que sou uma ilhota deserta no meio de um oceano.
Sinto-me como um holofote, hoje. Gritante mas sem nada coerente para dizer...

terça-feira, novembro 18, 2008

Pérolas a porcos

tu tratas da teia como se fosse um berço, como se contivesse algo de extraordinário, para além da aranha. aliás, tu pensas que a aranha é o ser extraordinário.
a aranha embala a teia, e tu és levado com ela, de forma que nem sentes a picada, nem sentes as toxinas a dilacerarem-te, a marcarem-te, a deixarem-te trémulo e vazio e só te apercebes do que te aconteceu, da picada enganadora, quando já és pleno em dor.
[libertação]
continuas a velar o sentimento que foi, que se foi e nunca mais voltará, talvez outra aranha, talvez outro ser extraordinário, mas nunca mais, pensas, a picada, o engano.
fechas-te, então... fechamo-nos. o mundo passa a ser povoado de mágoa, de vazio, de desconfiança, de medo da picada enganadora.
olhas-te ao espelho... surpreendes-te por te teres tornado uma térmita, a tapar todas as fendas, a emparedar a luz e o ar e o mundo do lado de fora.
vês-te, a térmita... a térmita... o restolhar, o mastigar, o depositar, o amassar... tapar... tudo, tapar...
tem que haver mais qualquer coisa....tem que haver mais alguma térmita.