segunda-feira, outubro 31, 2005

underworld, 3:31a.m

Bar de culto, ar empestado de fumo de tabaco e a vibrar com o "trans", um ritmo hipnótico, apesar das suas variações, por vezes muito pouco subtis... Mulheres de cabelo vermelho e as típicas filosofias de vida "temos que ser duros" e "vais para todo o lado e não vais para lado nenhum". A minha cabeça anda à roda com este mundo, não estou habituada e não quero estar. Sou uma borboleta e não uma mariposa que é atraída pela luz "on/off" das discotecas do país.
Os meus acompanhantes estão alcoolicamente acelerados... estou a gostar particularmente de ver o meu patrão, apreciador de música brasileira a abanar-se ao ritmo da música "como se não houvesse amanhã".
O bar, com a forma de um cano, 3 arcos em breço versão "nineties"-uma lura em plena cidade-pessoas apertadas que tentam comunicar...mímica, berros, e vai tudo dar às muito badaladas (e inúteis) filosofias de vida. Muito apropriado considerando o preto da minha roupa e os gunas que me rodeiam. só falta aqui a trupe dos satânicos da cidade, se é que eles não andam por aí mesclados com o aglomerado de gente amassado no bar...bem, eu e a minha paranóia do costume.
Opressão do álcool e do homem. O corpo foge-nos do controlo, os sentidos adormecem, e acabamos arrastando-nos pelas ruelas em busca do alívio da racionalidade.
Vemos, calados, uma criança no trabalho, fora da disco... às 6 da manhã no frio do Samhein, e arrependemo-nos por não lhe darmos a mão.
Arrependemo-nos por termos colaborado na criação deste submundo, que nos arrasta e enclausura na noite e na degradação dos sentidos.