domingo, julho 09, 2006

10 de julho

Num dia de sol, no tórrido calor, olhou pela janela e pediu a chuva.
depois aquando a Monção, sentiu as pingas na cara e viu as folhas vermelhas a pairar sobre a sua cabeça, sentiu que isso não a satisfazia, tão-pouco tornava a melancolia mais fácil de aguentar. chamou então pela humidade gélida do orvalho, a coisa mais parecida com a neve que alguma vez sentira entre os dedos. mas quando os galhos retorcidos das árvores ficaram despidos, o vazio da estação não a aconhegou, e em vão o calor da laleira lhe aqueceu o corpo, em nada o natal e os açúcares e especiarias lhe serviram, ao lhe sobrecarregarem os sentidos. a solidão sorriu-lhe de debaixo do raquítico pinheiro, acenou-lhe de fora das janelas embaciadas e entregou-se em mãos, em mais um livro, mais um bilhete para outro mundo.
e assim se passaram muitas estações, até que já não pedia pela chuva quando chegava o sol, e já não chamava pelo orvalho quando semtia a melancolia a pingar-lhe na cara. porque tudo deixara de ser simplesmente metáfora e passara a encarnar o dia-a-dia, e nem as escapadelas para mundos paralelos resolviam a questão. e então... veio o Éolo. que abanou, chocalhou, sirandou pelo meio das teias de aranha literárias da sua cabeça... e enfim, fez uma barulheira infernal. e depois de se ter armado em mafarrico, foi-se embora, mais corrido do que outra coisa, e lá foi ela limpar tudo e tentar organizar-se. uma tentativa louvável, de facto.
mas enfim, dizem que Cronos foi o primeiro grande Curador, e cá para mim às vezes funciona melhor que a aspirina ou o Trifene 200, e as coisas lá tomaram o seu rumo. tanto é que não quer outra coisa.
quer mesmo, mesmo ficar sozinha. para quê andar a passar por tudo aquilo outra vez?
fechei-me na minha concha, mas sei que mesmo que não o tivesse feito, não há ninguém que olhe para além da superfície. simplesmente porque... é mais fácil assim.

Flutuo
Consigo deslindar o meu rosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá
E eu não contesto
O meu destino está fora de mim e eu aceito
Sou eu despida de medos e culpas confesso

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar amanhã

Flutuo
Consigo deslindar o meu rosto sem esforço
Balanço é o que a maré me dá
E eu não contesto
Amanhã pensar nisso sempre me dá mais jeito
Fazer de mim pretérito mais-que-perfeito

Hoje eu vou fingir que não vou voltar
Despeço-me do que mais quero
Só para não te ouvir dizer
Que as coisas vão mudar amanhã, amanhã, amanhã

Hoje eu vou fugir para não me dar à vontade de ser tua
Só para não me ouvir dizer que as coisas vão mudar amanhã
Amanhã, amanhã
Flutuo.

susana félix

2 comentários:

Anónimo disse...

ola linda desculpa a invasao mx n resisti..axei o texto fantastico pa variar, mx ixo em ti n é novidd, mx principalmnt comentei pk adoro essa música da susana felix, simplesmnt fantastica..**

Brisa Intermitente disse...

engraçado, estou a ouvi-la neste preciso momento, acho que é de uma qualquer novela, enfim, é realmente linda e profunda de significado essa canção.
obrigada pela força lá no meu canto, mesmo tarde sabe sempre bem.

sabes, vi lá o teu comentário e devo dizer que não, não deixei de esperar e a coisa boa apareceu, na realidade desapareceu para sempre por certo, "essa coisa boa"...mas estou bem porque a vida abriu-me uma outra janela, "a tal", e a queda livre em que me lançei , ui, tá a ser incrivel.

cada vez que cá venho deixas-me a pensar...entendo-te, já tive dias melancólicos, mas a propósito do teu ultimo post...ESCOLA????, foge, isso tá mesmo mal (LOLOLOL)


Vá, acho que já me estiquei.
FORÇA, ÂNIMO, e ALEGRIA é o que te desejo.
bjx*****