sexta-feira, dezembro 30, 2005

Days to come

Neste Natal dei a mim mesma uma prenda: a possibilidade de um novo começo longe de empecilhos e "mato". espero que o ano que aí vem traga algo de novo e maravilhoso, não só a mim mas a todos. fica no ar um cheirinho a esperança... e a rabanadas!:)
bom 2006! beijo

segunda-feira, novembro 28, 2005

Ultimato

O coro de vozes que te anuncia.
Uivos à bruma do asfalto, da traição. Presenças premeditadas, encontros imediatos, vagas de indignação e luxúria.
Quero-te aqui, hoje, agora, na mão, na pele, no resto das orações difusas pela manhã, pela tardinha. Quero-te pelo menos duas vezes ao dia: quando te cheiro e quase quando te entendo. Quero que entendas, que me rejeites, que tornes a sentir a minha falta.
Quero que os grilhões que me prendem me soltem sem nunca me largarem.
O tempo é uma tortura meticulosa, que acaba eventualmente por nos ensinar o caminho de saída… as traseiras ou a porta da frente: esta é a escolha mais complicada.
O coro de vozes agora murmura hinos à desconfiança e à mágoa, à saudade. Canta num desalento que patrocina os nossos encontros, fugidios olhares de sedução, do “não-sei-quê” que nos falta e que sabemos ser o outro a solução.
As lânguidas conversas, proferidas em tom explícito já não me bastam, tão pouco a ti. Os achaques cardíacos revelam mais do que queremos admitir, suores frios, arrepios, borboletas palpitantes em localizações cientificamente impossíveis deixam bem claro aquilo que somos.
Eu quero a porta da frente, mas a das traseiras como sempre é a tua favorita. A emancipação nunca foi o teu forte. A aceitação é sempre a minha táctica, e até hoje nunca me falhou. Eu gosto de desafios, estou disposta a trabalhar para conseguir aquilo que quero.
A que se deve a minha mudança de ideias?
Como diz o meu irmão…digamos que não sou um cãozinho da palha.

segunda-feira, novembro 21, 2005

solidão (=) dependência?

Muitos são os estados que vivemos e muitas são as penas que sofremos ao longo dos tempos. Há algumas que podem, eventualmente, tornar-se crónicas com o tempo. Como a tristeza e a solidão.
Aquele vazio que nos consome, quando ouvimos aquela música no rádio, ou quando olhamos para o telemóvel e não vemos nada de novo no visor… a dependência da presença desse alguém na nossa vida e o porquê dele/dela não dizer nada…
Os múltiplos filmes que se criam nas nossas mentes, o porquê de não mandar mensagem, toking (kolmi para os tmn’s) …sei lá… tentamos em vão perceber porque é que a pessoa de quem gostamos e a quem dedicamos a nossa efémera juventude não fala, não se preocupa…
Por vezes fechamo-nos em nós mesmos para não termos de ser confrontados com a realidade, isolamo-nos no nosso mundo de fantasia numa vã esperança de que na manhã seguinte as coisas voltariam ao lugar.
Outras vezes isolamos apenas um momento das nossas vidas que partilhámos e analizamo-lo até à exaustão…
Outras limitamo-nos a ficar na nossa cana, ou no carro, ou no escritório… a olhar para o nada e a questionarmo-nos para onde foi a nossa felicidade e como é que alguém pode monopolizar a nossa vida desta maneira quando há tantos outros como ele/ela no mundo…
Mas, no fundo estamos dependentes da parcela de singularidade existente nesse alguém, sentimos falta daquele sorriso especial, ou daquela gargalhada, ou daquelas boquinhas inoportunas e irritantes, ou daquele cheiro, ou daquelas mãos… sentimos falta daquele grão de classe que sabemos mais ninguém tem, ou daquele potencial, ou daquelas saídas inteligentes, ou da falta de tacto…
Sentimos falta daquele alguém que conseguiu gostar de nós mesmo quando nós mesmos não o conseguíamos fazer, e refugiamo-nos nas memórias felizes na esperança de um dia as coisas melhorarem e voltarmos a sorrir com esse alguém…mesmo que no fundo saibamos que ele/ela no fundo não vai voltar.

É isto auto-preservação ou masoquismo? Costuma-se dizer que a esperança é a última a morrer… o que se esquecem de avisar é que a esperança também mata aos bocadinhos….

segunda-feira, novembro 14, 2005

Eva


"Narciso"- Caravaggio

Mexeu-se mais do que devia.
“Agora vai olhar para aqui!”
Oh, que se lixe. Também não lhe deve nada.
Mete-se com narcisistas e depois é isto.

Mas também… há que lhe dar um certo desconto. Somos todos narcisistas, no fundo. Limitamo-nos a chafurdar nas nossas conquistas, idolatramo-nos, protegemo-nos do frio e do sacrifício, limitamo-nos a olhar para a nossa imagem reflectida, tal como o Narciso da história…e deixamo-nos afundar na mediocridade e frivolidade.
Colocamos os mestres da aparência nos tops de popularidade, só porque seguem padrões estéticos que fariam os gregos vomitar as entranhas.
Toda a sociedade transpira ilusão, e, mesmo que não queiramos acabamos como eles, devido a um processo chamado osmose.

“Mas nada de desculpas! Só porque vais eventualmente acabar como Ele, não é motivo para o encorajares! Que impertinência da sua parte, tratar-te como algo que pode meter na prateleira quando bem lhe apetece!”

As onomatopeias e as pragas ecoam na sua mente.
Nem sabe como se deixou conduzir a este estado. Sinceramente, acredita que é patética a atitude da criatura e, no fundo a sua. Ultimamente tem optado por uma política anti lamechice. Dá menos trabalho. Menos dores de cabeça.
Mas se ao menos encontrasse uma saída para isto… já provou a si mesma que não precisa dele para NADA, que tem poder para o meter a ele na prateleira, mas persiste nestes joguinhos.

“Enfim, acho que todos precisamos de frutos proibidos…”

sábado, novembro 12, 2005

Diário de Bordo

“É estranho como o cosmos gira inabalavelmente sobre si … vejo-me hoje na situação em que estava há algum tempo atrás. Passamos o tempo, como que cegos, a viver as coisas uma e outra vez e só quando estamos realmente fora delas é que nos apercebemos as voltas que demos.
Tem me faltado o ar, ultimamente. Esta “asma” simbólica não devia querer significar nada, mas é comigo. Significa alguma coisa, estou sempre atenta aos sinais. Não quero que o meu barco vá ao fundo outra vez, e por isto escrevo agora o diário de Bordo…e, porque o cosmos se repete interminavelmente e eu sei que me vou afundar…eventualmente…quero deixar bem claro que caso me aproveite de alguma forma de alguém…APELO INSANIDADE em tribunal, e oh, amigos! Tá o assunto arrumado!
ai a droga, que faz mal a tanta gente...
Eu."

-Mas ela tá-se a passar?!
- Chiu. respeitinho ao Diário de Bordo.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Directa

"ATTIMO II"- Giuseppe Ianello(1998)

Hoje está impossível, tudo a irrita. Parece que está com a TPM! ArrrrGh!
O tempo hoje não está com nada, a inspiração não está a ajudar em nada, só a está a por pior! Logo ela, que costuma ser uma mais-valia contra situações como esta! Então que fazer?
Sinceramente vai colocar uma tabuleta na testa a dizer "não incomodar"...a sua cabeça não dá para mais...
"É o que dá, armares-te em Madre Teresa de Calcutá"... É o que a consciência lhe está a dizer... vezes seguidas... parece um disco riscado...riscado...riscado...
Ai as directas, as directas... que ofensiva ao nosso bom-humor, à saúde. Quem lhe dera poder voltar a dormir aquelas benditas 10 horas por dia…
Mas não. Resta-lhe tão pouco tempo para estudar que tem que o fazer pelas noites a dentro…e depois vê-se. Só lhe apetece sovar fortemente todo e qualquer um que lhe vier chagar a cabeça.
Por exemplo. Era exceente se pudesse espancar com um taco de baseball os idiotas que estão sentados nos computadores ao lado do seu e que quando podem deitam um olho ao post que está a escrever... gostava de atirar com uma cadeira à testa daquela "pita" que estava sentada no treze, só porque não gosta dela desde o ciclo. Mas a pièce de resistance... era mesmo torturá-lo de forma sádica.
Mas pronto... toda a gente atura estas insignificâncias...
São apenas ataques de fúria narcisista...
Já sabe como vai ser, amanhã.

Cabeça baixa, cara de enterro… “desculpa!”.

domingo, novembro 06, 2005

Dia 4 (Ele)

"M.Rochester"-Paula Rego (2002)

Ri-se das piadas dos amigos, atira o cigarro para o chão e pisa-o. Era desnecessário este acto, uma vez que o chão está molhado e a bia apagou-se quase de imediato, mas o gesto é agora maquinal.
Pragueja mentalmente. Agora perde o controlo sobre o próprio corpo! Não basta ter perdido o controlo da situação…
Olha em volta. Localiza-lhe a silhueta, ao fundo por entre o emaranhado de corpos que enchem o “recreio”. Ri-se entre as amigas, faz questão de se virar de costas para ele, demonstrar-lhe a sua firmeza de convicções e o seu desprezo.
Constata que teve tanto tacto e suavidade como um elefante da “tutu” a dançar ballet numa casa de espelhos.
Enganou-se relativamente a ela, no fundo. Esperava que ainda o desejasse, que se entregasse à sua argumentação de forma dócil e deliberada… não contava com os espinhos de racionalidade que lhe rodeiam a vontade…está a perder qualidades como estratega. Pra próxima tem que ir mais devagar…
Apercebe-se de repente que não haverá próxima. Ela fez questão de o eliminar radicalmente da sua vida, até lhe desejou felicidades!
Não queria que as coisas tomassem aquele rumo. Não queria que ela lhe dissesse aquele “NÃO” peremptório, não queria que ela o expulsasse da sua vida… não a queria perder. Custa a admitir, mas faz-lhe falta a segurança da ideia de a ter sempre por perto. Do tempo em que ela estava lá, em que ele sabia que ela o apoiava, que se arrastava pelas migalhas da sua atenção. Tem saudades de a ter…
Ouve-se a campainha.
Procura-a de novo, vê-a a olhar de relance, a abanar a cabeça com um olhar implacável, mas dorido, no fundo. Diz algo às amigas e cinco cabeças voltam-se…
Disfarçou a tempo.

“Boa sorte”, murmura ao lembrar-se da noite anterior.

“Boa sorte”.

Dia 4 (Ela)

"Mist II"-Paula Rego (1999)

Revolve a caneta nos dedos e olha pela janela.
Tem muita coisa para contar, para despejar… quer porque quer escrever (mesmo sabendo que quase ninguém vai ler aquilo que escreve) mas a inspiração, em laivos relutantes, não dá sequer para um “post”.
“Boa, mais um texto de merda”, remói entre dentes.
Quer falar no minuto que mudou a sua vida (mais uma vez é sempre num minuto que as coisas mudam… o minuto é o suporte da mudança…), quer falar da “oportunidade” que desperdiçou de livre vontade, dizer que não se arrepende do que fez e que se hoje se sente muito mais mulher do que alguma vez se sentiu. Agarrou o touro pelos cornos, atirou-o para longe da sua vida.
“Já chega de historietas de merda.”- o calão está a dar cartas, hoje.
Não quer atirar bocas para o ar, quer ser explícita quer-lhe provar que consegue alhear-se a esta problemática, que o “Boa sorte” dele fechou o assunto de vez e que o Ostracismo é a melhor solução para a sua alma. Mas então porque é que o texto não sai?!

“Frustração” é a palavra do dia.
Está barulho e quer silêncio, mas com o silêncio viriam as coisas que só quer esquecer.
Quer concentrar-se no “post” que está a escrever, mas os vestígios das mensagens dele continuam a assaltar-lhe a mente, quais janelas “pop-up’s”… está presa naquele minuto.

Revolve a caneta entre os dedos e olha pela janela.
Tem muita coisa para contar, para despejar… e a inspiração que não vem!!!
“Estou farta de historietas de merda”.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Presas e caçadores

Gustav Klimt- "O Beijo" 1907 - 08
No tempo da sublimação dos sentidos, agarrava-se à vida com a sofreguidão do náufrago, regozijando-se com todas as palavras, todos os sorrisos, todos os toques de pele. No tempo do vácuo, do “Nada-que-corrompe-a-alma”, encolheu-se em si mesma e assim ficou, alimentando-se dos despojos da atenção que lhe era dirigida.

O “Tal”. Hábil na argumentação, de indelével agudeza de espírito. Inexperiente, contudo, pavoneia-se entre a arraia-miúda da Inteligência, fazendo valer o velho ditado “Em terra de cego…”. Espírito forte, mente aberta. Falta-lhe contudo a destreza para dominar sentimentos e ocultar acções – mas, apesar de tudo, um estratega por excelência.

Entrega-se ao Orgulho, deixa-se levar por ele…
Não se pode deixar levar por sentimentos que não lhe competem! É dona de si, ora bolas! Quem a manda ser tão sentimental? Irreflectidamente, deu-lhe a entender que precisa dele e que a tem na mão! Estúpida… nem parece que tem inteligência…


Olha para ela.
Caiu bem na sua armadilha. Admira-se como o fez, se nem motivo tem para isso. Observa as curvas da sua anca, a suavidade da sua pele, a maneira como ela se mexe.
Ela olha em volta disfarçadamente – olhares que se cruzam. Finge que o ignora novamente, logo vai picá-la. Dizer-lhe que não está interessada. Que todas as aquelas mensagens, todo aquele tempo perdido foram para nada. E ela vai dizer que não, que gosta dele, que o quer e que é dele que precisa…
E sorri, com a previsão da satisfação do seu Ego.

quarta-feira, novembro 02, 2005

"words i'll never say"

"Ícaro"
"Ama-me quando menos merecer, porque será nessa altura que mais necessitarei" (Dr.Jeckyl)
“Naquele tempo, as coisas eram só superfície, um entrave na minha rotina e na minha organização mental.
Agora, está tudo muito diferente, o desafio alterou-se, a minha cabeça raramente sai desse torpor que me causas e as sensações invadem-me de novo, embora num grau distorcido, uma vez que as não sei qualificar, distinguir.
Quando chegas respiro fundo. A voz, entaramelada e em tom cáustico demonstra, apesar da tentativa de aparência, que és tu, ainda, que me pões o mundo de pernas pró ar e que me deixas a roer as unhas e a tamborilar os dedos com a impaciência.
Não sei o que esperar. Nem sei se hei- de esperar.
E tu, no fundo sabes o quanto isso me perturba...a falta de controlo nas coisas que me rodeiam e nos meus sentimentos será a minha ruína, estou a ver.
Ainda bem que és sádico...
Amo-te”

O perfume suave invade-lhe as narinas, os olhos fecham-se... e o despertador toca.

segunda-feira, outubro 31, 2005

underworld, 3:31a.m

Bar de culto, ar empestado de fumo de tabaco e a vibrar com o "trans", um ritmo hipnótico, apesar das suas variações, por vezes muito pouco subtis... Mulheres de cabelo vermelho e as típicas filosofias de vida "temos que ser duros" e "vais para todo o lado e não vais para lado nenhum". A minha cabeça anda à roda com este mundo, não estou habituada e não quero estar. Sou uma borboleta e não uma mariposa que é atraída pela luz "on/off" das discotecas do país.
Os meus acompanhantes estão alcoolicamente acelerados... estou a gostar particularmente de ver o meu patrão, apreciador de música brasileira a abanar-se ao ritmo da música "como se não houvesse amanhã".
O bar, com a forma de um cano, 3 arcos em breço versão "nineties"-uma lura em plena cidade-pessoas apertadas que tentam comunicar...mímica, berros, e vai tudo dar às muito badaladas (e inúteis) filosofias de vida. Muito apropriado considerando o preto da minha roupa e os gunas que me rodeiam. só falta aqui a trupe dos satânicos da cidade, se é que eles não andam por aí mesclados com o aglomerado de gente amassado no bar...bem, eu e a minha paranóia do costume.
Opressão do álcool e do homem. O corpo foge-nos do controlo, os sentidos adormecem, e acabamos arrastando-nos pelas ruelas em busca do alívio da racionalidade.
Vemos, calados, uma criança no trabalho, fora da disco... às 6 da manhã no frio do Samhein, e arrependemo-nos por não lhe darmos a mão.
Arrependemo-nos por termos colaborado na criação deste submundo, que nos arrasta e enclausura na noite e na degradação dos sentidos.