quinta-feira, maio 10, 2007

a raiz da loucura

8 de Maio

(desta vez foi a Marta que começou...)

Começaram a surgir bolhas de sabão de todos os lugares, umas rebentavam, outras continuavam a crescer e a subir, mas a realidade é que todas elas me enlouqueciam. olho a toda a volta e lá estão elas, até parece que as ouço gritar à minha voltae sinto-me enlouquecer. Entretanto ---- e disse-lhe sem complexos : sim, gostava de ser louca. Doida varrida. esquizofrénica, quase catatónica, quero lá saber! Ao menos eles não se importam muito com aquilo que os outros pensam, e estão sempre acompanhados, lá na cabeça deles, com as suas vozes murmurantes e voadoras.
queria ser louca pra me sentir ousada, alguém. E, no fundo, queria ser completamente chanfrada da mona pra poder deixar uma marca tão profunda nas pessoas que elas não a conseguissem lavar nem com amoníaco, de tão chocadas, tão----louco, enlouquecidopelo mundo. como esta suposta realidade me atordoa os sentidos; ouço vozes, sussurros estonteantes que procuram dizer-me algo, para mim incompreensível, e continuo a vaguear, como que com uma venda nos olhos, mas simultâneamente é tudo tão óbvio, tão claro... e chamam-me louca! enfim, vou continuar a porque continuo a ouvir as vozes, e não entendo ---- e deixar tudo voar mais além, para que nada mais que cinzas flutuem no meio das côdeas de pólen largardas pelos acónitos de Viana, o vislumbre tóxico do clone da neve misturado com o orvalho da morte. E o vento há de levar tudo pelo ar, para que tudo fique colonizado. E logo haverão mais acónitos e cinzas e pólen e veneno e... uma cegeuira incontrolável.
Tacteias em torno d eti e só encontras destroços que te magoam as mãos e cai sobre ti o silêncio sufocante. Algo não está bem, pensas, e aívês o tumulto. O rol de movimento a escorrer da porta ao teu lado. E pressentes o pior ----caindo a última gota de sangue, não porque "chegou ao fim", mas porque se estancou a ferida. Sente-se o manifesto percorrer as ruas, caminhos entorpecidos que, no entanto, não são obstáculo para tão matéricamente e substancialmente ideais. Fez-se justiça, ouve-se agora o som de uma campainha de bicicleta que se move a toda a velocidade ---- na falta de vontade de te mexeres, de falares com as pessoas, de fazeres os trabalhinhos pelos outros, pela falta de coragem de acabares com as (des)amizades... queres ficar em casa, ou na praia, ou no meio do mato, queres é fugir, já que o teu refúgio não está disponível - nem pode estar... [a vida é uma merda complicada] queres virar eremita nos teus lençóis [ou nos braços dele] ---- e, no entanto, tentam (estupidamente) explicar aquilo que foi intuitivo, um impulso cerebral e imaginativo de um ser que habita em ti mas pareces desconhecer---- e por tudo isto é que eu digo: Quem me dera ser louca. Ao menos tinha desculpa.


quanto mais escavas para fugir, mais te enterras.

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