"Mist II"-Paula Rego (1999)
Revolve a caneta nos dedos e olha pela janela.
Tem muita coisa para contar, para despejar… quer porque quer escrever (mesmo sabendo que quase ninguém vai ler aquilo que escreve) mas a inspiração, em laivos relutantes, não dá sequer para um “post”.
“Boa, mais um texto de merda”, remói entre dentes.
Quer falar no minuto que mudou a sua vida (mais uma vez é sempre num minuto que as coisas mudam… o minuto é o suporte da mudança…), quer falar da “oportunidade” que desperdiçou de livre vontade, dizer que não se arrepende do que fez e que se hoje se sente muito mais mulher do que alguma vez se sentiu. Agarrou o touro pelos cornos, atirou-o para longe da sua vida.
“Já chega de historietas de merda.”- o calão está a dar cartas, hoje.
Não quer atirar bocas para o ar, quer ser explícita quer-lhe provar que consegue alhear-se a esta problemática, que o “Boa sorte” dele fechou o assunto de vez e que o Ostracismo é a melhor solução para a sua alma. Mas então porque é que o texto não sai?!
“Frustração” é a palavra do dia.
Está barulho e quer silêncio, mas com o silêncio viriam as coisas que só quer esquecer.
Quer concentrar-se no “post” que está a escrever, mas os vestígios das mensagens dele continuam a assaltar-lhe a mente, quais janelas “pop-up’s”… está presa naquele minuto.
Revolve a caneta entre os dedos e olha pela janela.
Tem muita coisa para contar, para despejar… e a inspiração que não vem!!!
“Estou farta de historietas de merda”.
1 comentário:
As historietas acabam logo no começo. São fascículos de uma história bem maior: a enciclopédia da vida.
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